Você sabia que tanto os mamíferos quanto os vegetais produzem essas substâncias chamadas canabinoides?
No caso dos mamíferos, eles são chamados de endocanabinoides, ou canabinoides endógenos.
Nas plantas, mais precisamente nas três espécies da família Cannabaceae — Indica, Ruderalis e Sativa —, esses princípios ativos terapêuticos cumprem uma série de funções de proteção e são conhecidos por fitocanabinoides.
Para melhor compreender sobre os canabinoides, é importante conhecer o Sistema Endocanabinoide — SEC, que apesar de ter sido desvendado pela ciência na segunda metade do século XX pelo cientista israelense Raphael Mechoulam, é um sistema regulatório vital presente nos seres humanos e em todos os animais vertebrados há milhares de anos.
O Sistema Endocanabinoide
Resumidamente, o SEC é o mecanismo responsável por manter a homeostase do organismo. Por meio de um conjunto de receptores, ligantes e enzimas que atuam juntamente com as células, o SEC é o grande arquiteto do nosso bem-estar, que regula e modula funções cardiovascular e gastrointestinais; respostas imunológicas e inflamatórias; processos de aprendizagem, memória, e regulação das emoções.
O SEC produz seus próprios canabinoides — os endocanabinoides ou canabinoides endógenos. Paralelamente, as espécies da família Cannabaceae também produzem canabinoides — os fitocanabinoides ou canabinoides exógenos.
Ao entrar no organismo humano, os fitocanabinoides agem de forma similar aos endocanabinoides produzidos naturalmente pelo corpo, interagindo com o sistema endocanabinoide em sinergia para o equilíbrio interno.
Ao considerar que a Cannabis sativa L. reúne mais 120 fitocanabinoides identificados e cerca de 500 compostos químicos, incluindo os ativos terapêuticos terpenos e canaflavinas, o vasto potencial terapêutico desta planta ganha dimensões ainda mais acentuadas.
Fitocanabinoides
Os minúsculos tricomas, estruturas glandulares encontradas na superfície da planta, produzem os fitocanabinoides, esses princípios ativos com amplos benefícios medicinais.
Até o momento, dois fitocanabinoides são os mais populares e mais estudados pela ciência em todo o mundo: o canabidiol, ou CBD, e o tetrahidrocanabinol, ou THC.
Eles apresentam uma diferença sutil na organização dos seus átomos, tornando suas propriedades sensivelmente diferentes, explica detalhadamente esta pesquisa. Mesmo assim, quando consumidos em conjunto, proporcionam ao corpo uma soma de seus benefícios, é o chamado efeito comitiva ou efeito entourage.
A seguir vamos mergulhar em alguns dos principais fitocanabinoides e os seus benefícios.
CBD, ou canabidiol
- Age no sistema nervoso central;
- Alivia dores e náusea;
- Anti-inflamatório, ansiolítico e reduz convulsões;
- Trata muitas condições médicas.
Foi isolado e descoberto pela primeira vez em 1940, pelo químico estadunidense Roger Adams. Anos mais tarde, teve suas propriedades terapêuticas exploradas e relacionadas com a epilepsia, que no Brasil foram comprovadas pelo renomado professor brasileiro Elisaldo Carlini nos anos 70.
De acordo com este estudo, o CBD é útil para tratar condições médicas diversas, como ansiedade, dor crônica, doença de Parkinson, Alzheimer, Transtorno do Espectro Autista, câncer, psoríase e muitas outras. Apresenta diversas formas de uso, sendo o óleo de canabidiol, por via oral, a mais utilizada.
Seu consumo raramente pode causar efeitos colaterais, todos leves, e as contraindicações são poucas.
THC, ou tetrahidrocanabinol
- Muito abundante na cannabis;
- É analgésico, indutor do sono, antiemético, indutor do apetite
- Altera a consciência, podendo causar euforia, sonolência e boca seca
Foi descoberto e isolado pela primeira vez pelo químico israelense Raphael Mechoulam, em 1963.
Ao ser consumido, sobretudo com outros fitocanabinoides e princípios ativos da cannabis (como os terpenos e as canaflavinas), ativa os receptores canabinoides CB1 e CB2, que compõem o SEC.
Pode tratar e controlar sintomas de algumas condições médicas como o Transtorno do Espectro Autista, câncer, Alzheimer, epilepsia, esclerose múltipla e outras.
CBN, ou canabinol
- Conhecido como o fitocanabinoide do sono;
- Formado como um produto da degradação do THC, quando o THC é exposto ao ar e à luz ao longo do tempo;
Embora tenha sido isolado nos anos 1930, perdeu espaço com a descoberta do THC e do CBD.
Esse estudo aponta que ele é mais sedativo do que o THC e o CBD. Além disso, há pesquisas que indicam seu potencial para atenuar dores musculares crônicas, atrasar os sintomas da Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA), tratar doenças neurodegenerativas, modular a imunidade e como potencial tratamento para condições de insônia, dor e inflamação.
CBG, ou canabigerol
- Analgésico;
- Anti-inflamatório, antifúngico e neuroprotetor;
- Estimulante de apetite;
- Bloqueio de receptores de células cancerígenas e favorecimento do tratamento de glaucoma.
É encontrado em níveis abaixo de 1% nas plantas da cannabis, e muitos pesquisadores buscam formas de aumentar a quantidade desse fitocanabinoide por conta do seu alto potencial medicinal e terapêutico.
Reúne propriedades terapêuticas parecidas com as do THC, só que sem os efeitos psicotrópicos, por isso muitas vezes é visto como boa opção para pacientes que não se sentem bem com os efeitos alteradores de consciência.
THCA, ou ácido tetrahidro-canábinolico
- Analgésico;
- Anti-inflamatório (principalmente para casos de lúpus ou artrite);
- Neuroprotetor, anti-emético e anti-câncer;
- Indutor do sono e analgésico, mas ainda pouco estudado.
Esse fitocanabinoide é precursor do THC, ou seja, antes de a cannabis passar pelos processos de descarboxilação, o THC é THCA.
Curiosamente, sua molécula se assemelha mais ao CBD do que o THC, e mesmo sendo amplamente presente na cannabis na sua forma não descarboxilada, seu consumo não é prático nem acessível.
CBDA, ou ácido canabidiólico
- Anti-inflamatório;
- É o precursor do CBD e originário do CBGA.
Presente na cannabis em sua forma ácida (não descarboxilada) começou a ser analisado há mais de uma década, e pesquisas a seu respeito são preliminares.
Um estudo feito em animais relata sua potencial afinidade com os receptores 5-HT da serotonina, neurotransmissor que regula funções corporais como ritmo cardíaco, sono, apetite, humor, memória e temperatura do corpo.
Uma particularidade chama atenção: enquanto a maioria dos fitocanabinoides se associa diretamente aos receptores canabinoides CB1 e CB2, o CBDA inibe a enzima ciclo-oxigenase-2 (COX-2), que causa inflamações após uma infecção ou lesão. Essa ligação pode ser até 100 vezes maior do que a do CBD.
THCV, ou tetra-hidrocanabivarina
- Anti-inflamatório: Oferece efeitos e benefícios medicinais singulares em comparação aos outros fitocanabinoides. Em alta quantidade, por exemplo, pode causar efeitos alteradores de consciência como o THC.
É conhecido por ser supressor de apetite; reduz o nível de açúcar no sangue; diminui o risco de ataque de pânico sem reprimir emoções; trata tremores, lesões cerebrais, e problemas de coordenação motoras do Alzheimer; provoca o crescimento de células ósseas; contribui para a melhora de osteoporose e trata a ansiedade.
CBC, ou canabicromeno
- Antidepressivo natural: O terceiro fitocanabinoide mais presente na cannabis foi descoberto há 50 anos e, apesar de pouco conhecido, tem diversos potenciais medicinais.
Um dos mais importantes são seus efeitos antidepressivos maiores do que do THC e CBD, pois esse fitocanabinoide interage com um receptor do sistema endocanabinoide relacionado à percepção de dor e à produção de anandamida e dopamina, dois hormônios que proporcionam prazer e felicidade.
Mais estudos são necessários acerca desse assunto para conclusões sólidas, porém sabe-se que, assim como o THC e o CBD, o CBC contribui para o efeito de comitiva.
CBCA, ou ácido canabicromênico
- Trata infecções bacterianas: Encontrado na planta quando está perto da maturação, esse fitocanabinoide se transforma em CBC ao passar pela descarboxilação, ou seja, quando a cannabis é exposta ao calor e quando é seca e curada.
Esses são apenas nove entre os mais de 100 fitocanabinoides presentes na cannabis, sendo que o CBD e o THC são os mais amplamente estudados e assim formam grande parte dos produtos à base de cannabis.
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