Nosso corpo tem um sistema de chave fechadura e a cannabis tem uma profunda influência sobre o corpo humano. Junto com a sua variedade de compostos terapêuticos, parece afetar todos os aspectos de nosso corpo e mente. Como isso é possível?
Podemos falar de vários tipos de patologia: câncer, doença de Crohn, epilepsia, dor crônica, esclerose múltipla, insônia, síndrome de Tourette, só para citar algumas. Todas estas condições têm causas diferentes, estados fisiológicos diferentes e sintomas muito diferentes. Os pacientes são velhos e jovens. Alguns estão sendo submetidos à terapia convencional. Outros estão em um caminho decididamente alternativo. No entanto, apesar de suas diferenças, quase todos os pacientes concordariam em um ponto: a cannabis ajuda a sua condição.
Como pode a cannabis ajudar tantas condições diferentes?
Como pode a cannabis proporcionar tanto ações paliativas quanto curativas? Como pode ser tão seguro ao mesmo tempo em que oferece efeitos tão poderosos? A busca para responder a estas perguntas levou os cientistas à descoberta de um sistema fisiológico anteriormente desconhecido, um componente central da saúde e cura de cada ser humano e quase de cada animal: o sistema endocanabinoide (SEC).
O que é o sistema Endocanabinóide?
O sistema endocanabinoide é talvez, o sistema fisiológico mais importante envolvido no estabelecimento e manutenção da saúde humana, depois da sua descoberta em 1988. Os endocanabinóides e seus receptores são encontrados em todo o corpo: no cérebro, órgãos, tecidos conjuntivos, glândulas e células imunológicas. Em cada tecido, o sistema endocanabinoide realiza tarefas diferentes, mas o objetivo é sempre o mesmo: homeostase, a manutenção de um ambiente interno estável apesar das flutuações no ambiente externo.
Os canabinóides promovem a homeostase em todos os níveis da vida biológica, desde a sub-celular, ao organismo, e talvez à comunidade e além dela.
Endocanabinóides e canabinóides também são encontrados na intersecção dos vários sistemas do corpo, permitindo a comunicação e coordenação entre diferentes tipos de células. No local de uma lesão, por exemplo, os canabinóides podem ser encontrados diminuindo a liberação de ativadores e sensibilizadores do tecido lesado, estabilizando a célula nervosa para evitar disparos excessivos e acalmando as células imunes próximas para evitar a liberação de substâncias pró-inflamatórias.
O sistema endocanabinoide, com suas ações complexas em nosso sistema imunológico, sistema nervoso e todos os órgãos do corpo, é literalmente uma ponte entre o corpo e a mente. Ao entender este sistema, começamos a ver um mecanismo que explica como os estados de consciência podem promover saúde ou doença.
Os três componentes principais do Sistema Endocanabinoide são:
- Receptores canabinoides – que ficam no exterior da célula;
- Sinais canabinoides – são as moléculas endocanabinoide que nosso corpo produz e que viajam a partir de um tecido para outro tecido do corpo
- Enzimas metabólicas – metabolizam os canabinóides para torná-los inativos.
O Sistema Endocanabinoide modula a forma como experimentamos a dor, como vivemos o estresse, a forma como dormimos, a fome. Regula a pressão arterial, a densidade óssea, fertilidade, humor, memória, entre outros.
Quais os principais endocanabinóides?
Até ao momento, os dois principais endocanabinoides conhecidos são a Anandamida (ANA) e a 2- araquidonoilglicerol (2-AG).
A Anandamida (ANA) é um neurotransmissor endógeno (produzido pelo corpo), assim como a serotonina, endorfina e dopamina. Conhecida como a substância da felicidade, seu nome deriva da palavra “ananda” que significa alegria, êxtase, felicidade suprema.
Ela atua junto aos receptores CB1 e CB2 (receptores canabinoides). Ou seja, é um endocanabinoide.
Já o 2-araquidonoilglicerol (2-AG) é um é um lipídio de sinalização no sistema nervoso central que é um regulador chave da liberação de neurotransmissores.
No corpo humano, os fitocanabinoides interagem tanto com os receptores canabinoides tipo 1 (CB1) e tipo 2 (CB2):
- CB1 – é amplamente distribuído por todo o sistema nervoso central, sendo o receptor ligado à proteína G mais abundante do cérebro humano. Estão ligados ao estresse, ansiedade, apetite, náusea, humor, sono, memória, entre outras. Eles são responsáveis também pelo processo psicoativo, quando ligados ao THC.
- CB2 – é expresso principalmente na periferia do sistema nervoso e em células do sistema imune. Sendo assim, estão associados à imunomodulação e ao controle de inflamações.
Como vimos, existem dois principais neurotransmissores canabinoides produzidos naturalmente pelo ser humano: o N-araquidonil etanolamina (AEA, também conhecido como anandamida) e o 2-araquidonil glicerol (2AG). O 2AG é agonista total do receptor CB2, enquanto a anandamida é apenas agonista parcial do CB2, mas também se liga ao CB1, receptor pelo qual o 2AG tem menos afinidade.
Todos estes elementos são afetados pelos fitocanabinoides, sendo assim que os diferentes compostos da cannabis produzem as suas ações terapêuticas.
Os canabinoides mais conhecidos são:
- CBD: Mais abundante canabinóide encontrado na Cannabis, tem sido bastante procurado por suas propriedades medicinais. O CBD é bastante procurado pois apresenta efeito ansiolítico, imunossupressor, anti-inflamatório, neuroprotetor, antiemético, sedativo, anticonvulsivo, entre vários outros.
- THC: Responsável pelo efeito euforizante do uso da cannabis, o THC também é bastante abundante na planta. Entre suas propriedades medicinais estão ações ansiolíticas, anti-inflamatórias, imunossupressoras, antivirais, hipotensoras, neuroprotetoras, entre outras.
No entanto, outras substâncias canabinoides também existem, como por exemplo: o cannabigerol (CBG), o cannabinol (CBN) e o tetrahidrocannabivarina (THCV).
Qual a relação do canabidiol com o Sistema Endocanabinoide?
O canabidiol interage com o sistema endocanabinoide através do receptor CB2, oferecendo os efeitos benéficos desejados para condições como epilepsia, Parkinson, dores, câncer e esclerose múltipla.
Um dos efeitos mais notáveis do CBD é sua capacidade de suavizar os efeitos indesejáveis do THC, que em doses elevadas pode causar uma espécie de síndrome psicótica (paranoia, ansiedade extrema, delírios). Essa propriedade que os canabinoides têm de modular uns aos outros é chamado de “entourage effect”. É importante que o médico prescritor de cannabis esteja ciente de como os canabinoides interagem entre si para que ele possa prescrever o tratamento mais benéfico e com menos efeitos colaterais para cada paciente, de acordo com seu perfil.
THC
O THC é um analgésico potente, principalmente por meio do agonismo dos receptores CB1 no sistema nervoso central, e é especialmente promissor no tratamento de dores crônicas (principalmente as neuropáticas). Também age como estimulador do apetite, provavelmente por meio de interações com os hormônios grelina e leptina, sendo uma opção para anorexia em pacientes com AIDS ou câncer, agindo também como antiemético nesses pacientes.
O que são receptores canabinoides?
Os receptores canabinoides estão presentes em todo o corpo, embutidos nas membranas celulares, e acredita-se que sejam mais numerosos do que qualquer outro sistema receptor. Quando os receptores canabinoides são estimulados, uma variedade de processos fisiológicos se segue.
Os pesquisadores identificaram dois receptores de canabinóides: O CB1, predominantemente presente no sistema nervoso, tecidos conjuntivos, gônadas, glândulas e órgãos; e o CB2, predominantemente encontrado no sistema imunológico e suas estruturas associadas. Muitos tecidos contêm receptores CB1 e CB2, cada um ligado a uma ação diferente.
Os endocanabinóides são as substâncias que nosso corpo produz naturalmente para estimular esses receptores. As duas moléculas mais bem compreendidas são chamadas anandamida e 2-arachidonoylglycerol (2-AG). Elas são sintetizadas sob demanda a partir de derivados de ácido araquidônico de membrana celular, têm um efeito local e meia-vida curta antes de serem degradadas pelas enzimas ácido graxo amida hidrolase (FAAH) e monoacylglycerol lipase (MAGL).
Os fitocanabinóides são substâncias vegetais que estimulam os receptores de canabinóides. O Delta-9-tetrahidrocanabinol, ou THC, é a mais psicoativa e certamente a mais famosa dessas substâncias, mas outros canabinóides como o canabidiol (CBD) e o canabinol (CBN) estão ganhando o interesse dos pesquisadores devido a uma variedade de propriedades curativas.
A maioria dos fitocanabinóides tem sido isolada da cannabis sativa, mas outras ervas medicinais, como a echinacea purpura, foram encontradas também contendo canabinóides não psicoativos.
Os fitocanabinoides
A Cannabis Sativa L. tem mais de 500 compostos ativos, no total e podemos considerar divididos em 4 grandes classes:
- Canabinoides – CBD, THC, CBN, CBG, CBC, THCV, …
- Terpenos – Limoneno, Pineno, Linalol, Terpinoleno, …
- Flavonoides – Vitexina, Canflavina A, Canflavina B, Canflavina C, …
- Demais Componentes – Carboidratos, Proteínas, Ácidos graxos
Existem já mais de 140 canabinoides e os que mais se destacam são o CBD e THC que são os mais estudados e se encontram presentes em maiores concentrações na planta.
Já os Terpenos, são os compostos que conferem o aroma das plantas. Têm funções sedativas, analgésicas, entre outras
No caso dos Flavonoides eles são os responsáveis pela cor das plantas. Eles demonstram algumas caraterísticas antioxidantes, anti-inflamatórias e antibacterianas e estão presentes não apenas na planta da cannabis, mas também em muitas outras plantas.
CBD e THC – Os fitocanabinoides mais importantes
O THC é agonista parcial do CB1 (localizado no sistema nervoso central) e CB2 (localizado no sistema imune), receptores endocanabionoides. Já o canabidiol (CBD) ele tem uma afinidade muito baixa com esses receptores.
Ambos os fitocanabinoides têm algumas propriedades em comum, tais como, anti-inflamatório, analgésico, antidepressivo, neuro protetor, mas possuem também algumas propriedades que os distinguem – Estimulante de apetite, antiemético (THC) e anticonvulsivante, ansiolítico, antipsicóticas (CBD).
Quais as diferenças entre Full Spectrum, Broad Spectrum e Isolado?
Os produtos à base de cannabis podem ter diferentes combinações, para conseguirem ajudar no tratamento de diferentes patologias.
Dessa forma, temos produtos Full Spectrum, onde a forma de extração preserva todos os compostos da planta da cannabis e que inclui uma ampla variedade de canabinoides, terpenos, flavonoides e outros componentes. Os produtos à base de cannabis Full Spectrum permitem uma ação múltipla dos diferentes compostos, capazes de interagir com o Sistema Endocanabinoide. A esta interação conjunta de todos os componentes, chamamos de efeito comitiva ou entourage. Associar o CBD ao THC potencializa os efeitos analgésicos, anti-inflamatórios e, em simultâneo, mitiga o efeito psicoativo do THC.
Já os produtos Broad Spectrum, são compostos pela interação dos diferentes compostos da planta, também, mas, neste caso, sem a existência do THC. Os produtos foram criados para tentar manter toda a interação entre os diferentes elementos da planta da cannabis, no qual se retira o THC, devido aos seus efeitos psicoativos que poderiam ter algumas contraindicações para os tratamentos desejados.
Finalmente, temos os produtos à base de cannabis Isolados, onde o único elemento presente é o canabidiol (CBD). O CBD isolado é a forma mais pura de canabidiol de ocorrência natural, contendo até 99,9%. Sua pureza se dá pela remoção de todos os outros compostos encontrados na planta, incluindo terpenos, flavonóides, partes de plantas e outros canabinóides.
Efeito Comitiva ou Entourage
Provavelmente já conhece os dois compostos mais famosos da planta, THC e CBD , mas existem muitos outros compostos que a planta produz, em menor abundância, que parecem desempenhar um papel de apoio nos efeitos gerais de uma cepa específica.
Essa teoria de que vários compostos de cannabis trabalham juntos para criar efeitos e benefícios únicos foi chamada de efeito comitiva ou entourage.
O efeito entourage é uma teoria de que diferentes compostos da cannabis funcionam sinergicamente para criar efeitos benéficos únicos. Ao tomar os compostos de cannabis juntos como extratos de plantas inteiras, em vez de sozinhos, há uma probabilidade maior de que o produto produza benefícios.
Os terpenos são uma classe diversa de compostos orgânicos anti-inflamatórios produzidos principalmente por plantas e insetos selecionados. Como constituintes primários dos óleos essenciais, os terpenos são o que dá a tudo, desde pinheiros a cascas de laranja, seus distintos aromas de aromaterapia.
Eles desempenham um papel no efeito entourage, alterando a maneira como o CBD se liga aos receptores cb2 no sistema endocanabinóide do corpo humano ou produzindo um efeito que complementa o do CBD.
Existem inúmeros terpenos (Mirceno, Terpinoleno, Linalool, Limoneno, Pineno, etc), mas é o Beta-Cariofileno (ou BCP, para abreviar) que recebe mais atenção quando se trata do efeito entourage, pois é um dos únicos terpenos conhecidos que se liga aos receptores canabinóides (1) (os mesmos aos quais o THC se liga) e pode fornecer alguns dos benefícios associados ao efeito entourage do CBD. (2)
Quanto tempo leva para que o canabidiol possa fazer efeito?
A resposta a esta pergunta não poderia ser mais vaga: DEPENDE! Depende de pessoa para pessoa e dos efeitos que cada um consegue absorver.
Existem várias formas farmacêuticas de apresentação dos produtos de cannabis. Temos desde cápsulas, os óleos, gummies, cremes até dosadores orais, por exemplo.
De acordo com a forma como cada pessoa irá tomar o produto, os tempos que demora para começar a fazer efeito varia.
Por exemplo, quando se toma um óleo, devemos tomar na forma sublingual e deixar embaixo da língua por um pequeno período (até 3 minutos) para poder ter o efeito desejado. Assim, quando ingerimos pela via oral ou sublingual, o produto começa a fazer efeito ao fim de 30 minutos a 1 hora, após sua ingestão.
A forma mais rápida de fazer efeito é através da inalação, onde podemos sentir os seus efeitos entre os 5 e os 30 minutos.
Claro que o tempo de efeito depois varia porque, optando por inalar, o tempo de efeito fica menor que ingerindo pela via oral, que pode fazer efeito durante 8 a 9 horas.
Quais as diferenças Cannabis Sativa, Índica e Ruderalis?
Os tipos mais comuns de cannabis são a Sativa e a Índica. Mas vamos também falar um pouco sobre um terceiro tipo: a cannabis Ruderalis.
Enquanto a Cannabis Indica tem origem na Índia, Ásia Central e Oriente Médio, a Sativa tem origem na Ásia, América Central e do Sul e África.
A espécie Indica tem uma aparência mais forte e mais rica em THC. Normalmente tem uma cor verde escura e tem plantas fortes. As cepas da Índica geralmente têm uma relação CBD/THC mais alta. Dão uma sensação maior de relaxamento para quem usa.
No caso da Sativa, as suas folhas são finas e longas. Elas florescem meses depois da espécie Índica. O efeito da Sativa é diferente, porque dá uma maior energia e até maior criatividade. Ela é ideal para quando precisamos ser mais criativos ou para ocasiões sociais, onde a energia pode fazer a diferença.
A Ruderalis cresce a uma altura de 30 a 80 cm (a Sativa, por exemplo, pode crescer até 4,5m). A vantagem deste tipo de cannabis é que floresce de forma automática quando tem idade suficiente, não precisando assim de ficar no escuro com a Índica e Sativa, por exemplo. A Ruderalis pode ser encontrada na Ásia Central e na Europa Central.
Qual a diferença entre Maconha ou Cânhamo?
Tanto o Cânhamo como a Maconha são plantas da mesma espécie, a Cannabis Sativa. Elas são, no entanto, bastante diferentes e usadas para fins distintos.
Para ser considerada Cânhamo, a planta só pode ter, no máximo, até 0,3% de THC (tetrahidrocanabinol), sendo que este nível de THC é aproximadamente 33 vezes menor que o encontrado na maconha menos potente.
As sementes do cânhamo são usadas para produção de alimentos, suplementos e cosméticos. Já a caule e as fibras são usadas para produção de tecidos, de papel e materiais de construção.
Já a Maconha é conhecida pelas suas propriedades psicotrópicas. O caule e as fibras não são utilizados, mas as flores apresentam um nível de THC bastante elevado. Diferente do cânhamo, que se desenvolve como uma planta esguia e com poucas ramificações laterais, a maconha tem baixa estatura, é mais cerrada e apresenta muitas flores.
CBD ou THC?
A existência destes 2 elementos mais importantes na planta da Cannabis torna necessário explicar um pouco suas diferenças e quais os benefícios que têm.
Enquanto o canabidiol (CBD) possui propriedades sedativas, anticonvulsivas, antipsicóticas, analgésicas e anti-inflamatórias, já o THC se distingue pelas propriedades de ser antidepressivo, estimulante do apetite e anticonvulsivo.
Existem várias doenças que são tratáveis com cannabis. Os exemplos que citamos são os mais comuns entre os tratamentos à base de cannabis: autismo infantil, carcinoma, dor crônica, depressão, insônia, epilepsia, esclerose, esquizofrenia, fibromialgia, paralisia cerebral, Parkinson e Alzheimer.
Os benefícios da cannabis tem atingido um número cada vez maior de pessoas, inclusive aqueles que, por preconceito ou desconhecimento, eram contrários ao uso terapêutico e, ao notarem os bons resultados, em si próprios ou em parentes e amigos, mudaram de ideia.
Nos tratamentos com cannabis, deverão ser sempre consultados médicos especialistas para poderem prescrever o produto que mais se adequa. Só assim, as pessoas conseguem beneficiar do tratamento mais adequado às suas necessidades. Existem diferentes tipos de produtos, diferentes dosagens e concentrações, diferentes formas de tomar.
A escolha de qual produto deve ser tomado pela pessoa deve ser feita de acordo com as indicações de um médico prescritor que tenha experiência e conhecimento em cannabis e nas suas propriedades. A cannabis é uma planta que gera muitos usos diferentes de acordo com a combinação de substâncias. Segundo Sidarta Ribeiro, “Na cannabis existem cerca de 500 substâncias de interesse para a medicina. O impacto da cannabis na saúde humana só é comparável ao da penicilina, pela capacidade de combater bactérias e a eficácia na luta contra várias doenças”
A descoberta revolucionária da cannabis se deu em 1965, quando o pesquisador israelense Rafael Mechoulam isolou o elemento Delta 9 Tetrahidrocanabinol. O THC, como é conhecida a molécula mais psicoativa da cannabis, atua como relaxante muscular e anti-inflamatório. Dentre os benefícios, produz efeito anticonvulsivo, anti-inflamatório, antidepressivo e anti-hipertensivo. Além de ser usado também como analgésico e no tratamento para aumentar o apetite.
Poucos grupos, nessa época se arriscavam a estudar a cannabis e, então, se passou muito tempo até que se compreende-se a relação entre a planta e o sistema endocanabinoide. Só em 1988 cientistas observaram que o cérebro de mamíferos tinha receptores que respondiam farmacologicamente a compostos encontrados na cannabis. A partir desse momento, os estudos se foram intensificando e as descobertas e estudos foram evoluindo até aos dias de hoje.
Conclusão
Em conclusão, é importante entender em primeiro lugar que o corpo humano também produz canabinoides. O nosso corpo produz Anandamida (ANA), a molécula da felicidade (como é conhecida), pelos efetiso que sentimos no corpo quando ela é liberada. Além da Anandamina, o nosso corpo também produz o canabinoides 2-AG.
Estes canabinoides se ligam a receptores CB1 e CB2, também presentes em nosso corpo. O CB1 está presente predominantemente no Sistema Nervoso Central (regula atividade motora, apetite, cognição, percepção da dor, entre outros) enquanto o CB2 está presente no sistema imunológico, reprodutivo, cardiovascular, entre outros.
A Anandamida e o 2-AG, bem como os receptores CB1 e CB2 fazem parte do Sistema Endocanabinoide, que desempenha um papel fundamental na regulação dos processos cognitivos, fisiológicos e motores do nosso organismo. É o responsável pela Homeostase, que é a capacidade do organismo se manter estável, mesmo com as alterações do ambiente externo.
Por outro lado, os fitocanabinoides, são compostos à base de plantas que atuam nos receptores endocanabinoide do corpo. Os fitocanabinoides mais conhecidos são o Tetrahydrocannabinol (THC) e o canabidiol (CBD) que atuam no corpo de forma distinta, mas que, em conjunto e formando o efeito comitiva acabam por ser, na maioria dos casos, mais eficazes nos tratamentos de cannabis.
O THC ativa o receptor CB1 que está concentrado no cérebro e por isso pode gerar euforia. Ele é responsável por induzir o sono, estimular o apetite, neuroproteção, entre outros.
O CBD não ativa diretamente. Ele apenas modula os receptores CB1 e CB2, permitindo aliviar dores crônicas, diminuir ansiedade, stress, combater insônia, depressão e até convulsões.