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Como a cannabis interage com o sistema imunológico?

Sumário

São muitos os benefícios da cannabis para a manutenção da saúde e para o tratamento de diversas condições médicas, como dor crônica, ansiedade, depressão e doenças neurológicas. Mas, afinal, você já se perguntou o que é que essa planta, consumida e ritualizada há milhares de anos pelo mundo, pode fazer pelo seu sistema imunológico?

A resposta para essa pergunta envolve um olhar amplo e profundo, que além do conhecimento detalhado dos compostos da planta, necessita de avaliações e estudos sobre a complexa interação da cannabis com a rede de sistemas biológicos do nosso corpo.

Não sobreviveríamos por muito tempo sem nosso sistema imunológico, porque estamos constantemente em contato com bactérias, fungos e vírus que aproveitariam qualquer chance para acessar os recursos dentro de nossas células.

Nosso sistema imunológico é composto por diversos órgãos, tipos de células e proteínas que fornecem várias linhas de defesa contra as ameaças externas. No entanto, essas defesas nem sempre são suficientes para eliminar uma infecção.

Por isso todos nós enfrentamos resfriados, gripes e outras doenças infecciosas ocasionalmente, mas a eficiência do nosso sistema imunológico garante que na próxima vez estaremos melhor preparados.

Além disso, muitas pessoas buscam formas de fortalecer o próprio sistema imunológico a partir de uma rotina equilibrada com cuidados específicos com alimentação, exercício e sono, por exemplo. Mas, afinal, onde a cannabis se enquadra nesse contexto? Será que a planta previne ou minimiza infecções? Pode a cannabis fortalecer as nossas defesas? Ou não? Confira a seguir. 

O nosso sistema de defesa

Antes de abordar os efeitos da cannabis sobre a imunidade, é importante compreender o funcionamento do sistema imunológico.

Nossas defesas fisiológicas apresentam duas categorias principais: imunidade inata e imunidade adaptativa.

A primeira diz respeito sobre o sistema imunológico inato, com o qual todos nós nascemos, que funciona como a primeira linha de defesa contra germes indesejados. Ele é composto por barreiras como a pele e as membranas mucosas (o revestimento interno do nariz, boca, pulmões e outros órgãos e cavidades), que fisicamente impedem a movimentação de germes indesejados.

Essas barreiras biológicas também utilizam enzimas, ácidos e muco para desencorajar a formação de bactérias e vírus. Células conhecidas como fagócitos também fazem parte do sistema imunológico inato. Fago vem do grego “phagein”, que significa consumir. Os fagócitos fazem jus ao seu nome envolvendo e “comendo” patógenos invasores.

Já a nossa imunidade adaptativa (ou adquirida) trabalha de maneira mais específica no combate dos intrusos: se nossas defesas inatas falham, o sistema imunológico adaptativo chega como reforço, identifica o patógeno, e cria anticorpos específicos para matá-lo.

Como tudo se interconecta

Nada em nosso corpo funciona isoladamente, e com o sistema imunológico, não é diferente. Assim chegamos ao sistema endocanabinoide (SEC), descoberto em 1964 pelo químico israelense de origem búlgara, Raphael Mechoulam. Eventualmente, Mechoulam e sua equipe descobriram que os componentes do SEC estão presentes em todo o corpo, desde o cérebro e ossos, até a pele, sistema digestivo e sistema imunológico.

O SEC é considerado o regulador do corpo humano, pois ele ajuda a equilibrar todos os outros sistemas do nosso corpo. Ele tem dois receptores, CB1 e CB2; os endocanabinoides anandamida e 2-AG (que atuam como moléculas sinalizadoras) e enzimas que constroem e degradam endocanabinoides.

Uma ampla variedade de células imunológicas apresenta receptores CB1 e CB2, incluindo células B, células assassinas naturais, monócitos e linfócitos CD8 e CD4. Os endocanabinoides se ligam a esses locais e ajudam a regular os processos de defesa, por exemplo.

Esse estudo destaca o potencial imunossupressor (que reduz ou inibe a atividade do sistema imunológico) de canabinoides como o delta-9-tetraidrocanabinol (THC) e o canabidiol (CBD), o que pode explicar o alívio experimentado pelos pacientes com doenças autoimunes e inflamação crônica que utilizam cannabis.

Essa conexão entre o SEC e o sistema imunológico abre as portas para a possibilidade de que a cannabis funcione como moduladora de nossas defesas fisiológicas. Afinal, os endocanabinoides e os fitocanabinoides da cannabis partilham de estruturas moleculares semelhantes.

Ou seja, compostos como THC e CBD podem se ligar aos receptores do SEC, influenciar a atividade enzimática e, em geral, imitar os endocanabinoides. Então, como os endocanabinoides influenciam no sistema imunológico, os fitocanabinoides também podem exercer essa influência.

Doenças autoimunes

As doenças autoimunes são fruto de uma certa confusão do nosso sistema imunológico. As células que deveriam nos proteger confundem articulações, pele e células nervosas, com bactérias e vírus agressivos, e começam a atacar nossos próprios tecidos corporais.

Esse dano leva a inflamações que podem ocasionar sintomas como fadiga, febre, dores musculares, queda de cabelo e erupções cutâneas. Condições autoimunes comuns incluem artrite reumatoide, psoríase e esclerose múltipla.

Essa pesquisa colocou os canabinoides como potentes moduladores inflamatórios e, em vários estudos com animais, tanto in vivo quanto in vitro, demonstraram ter um efeito imunossupressor.

Modelos de esclerose múltipla, artrite reumatoide, esclerodermia e diabetes tipo 1, evidenciaram melhora clínica, bem como mudanças bioquímicas e/ou histológicas (alterações que podem ser observadas nos tecidos ao nível microscópico) anti-inflamatórias.

Esclerose múltipla

Essa doença autoimune causa sintomas de fadiga, dor e espasmos musculares, bem como neurodegeneração, à medida que as células imunológicas atacam o cérebro e os nervos. A causa exata da esclerose múltipla é desconhecida, mas a Academia Americana de Neurologia (AAN) descobriu que pessoas com essa condição relataram que medicamentos à base de cannabis ajudaram com a rigidez muscular (espasticidade) e a dor.

A MS Society, organização do Reino Unido que financia pesquisas e compartilha as informações mais recentes sobre esclerose múltipla, afirmou que seus médicos parceiros sustentam que cerca de 1 em cada 10 pessoas com esclerose múltipla que têm dor ou espasticidade muscular, pode se beneficiar do tratamento com cannabis, quando outros tratamentos para esses sintomas não funcionaram. 

Aliado contra as doenças autoimunes

O canabidiol (CBD) não parece fortalecer o sistema imunológico, mas pode promover benefícios para aqueles com condições autoimunes. Pessoas com doenças autoimunes frequentemente precisam de tratamentos imunossupressores. Um imunossupressor pode desacelerar ou parar um sistema imunológico hiperativo.

Pesquisas de 2020 e 2021 sugerem que o CBD reúne propriedades imunossupressoras e anti-inflamatórias. Essas são propriedades importantes para aqueles com condições autoimunes, pois a inflamação é um sintoma bastante comum dessas doenças.

É importante ressaltar que a maioria das pesquisas sobre CBD e imunossupressão, envolve estudos em animais e estudos laboratoriais. Para entender se o CBD é um imunossupressor viável, ele precisa ser mais estudado em humanos.

Algumas pessoas afirmam que o CBD pode ajudar com o sistema imunológico também por conta das suas melhorias proporcionadas ao sono e sobre os efeitos do estresse, por exemplo. De fato, sono de má qualidade e estresse estão intimamente conectados ao enfraquecimento do sistema imunológico, mas com certeza esse é um vínculo que precisa ser examinado com maior profundidade.

Menos inflamação

Assim como o CBD, o delta-9-tetraidrocanabinol (THC) interage de maneira complexa com o sistema imunológico. Esse estudo demonstra que o THC pode modular a resposta imunológica, influenciando tanto a imunidade inata quanto a adaptativa.

Uma das principais maneiras pelas quais o THC afeta o sistema imunológico, é por meio da sua ligação aos receptores canabinoides, como o CB1 e CB2, presentes em várias células imunológicas.

Esses receptores são responsáveis por mediar as respostas anti-inflamatórias e imunossupressoras do THC, diminuindo as proteínas que promovem a inflamação no corpo, ajudando a controlar a inflamação excessiva, e induzindo a morte programada de células imunológicas hiperativas, ajudando a evitar danos autoimunes.

Esses efeitos podem ser benéficos para tratar condições inflamatórias e autoimunes, mas também podem aumentar a suscetibilidade a infecções e reduzir a eficácia da resposta imune contra patógenos.

Conecte-se conosco

Se você é imunocomprometido, ou conhece alguém nessa condição, e sente-se atraído pela cannabis, o ideal é buscar por auxílio profissional antes de começar um novo tratamento.

Aqui na CannaCare, nós te conectamos com os melhores especialistas, que te guiarão desde o início em seu tratamento personalizado, sempre respeitando o seu momento e as suas necessidades únicas. 
Portanto, o primeiro passo é entrar em contato conosco e conversar com um de nossos profissionais da saúde, que estão prontos para acolher as suas dúvidas e te assistir em sua jornada de melhoria da saúde com a cannabis.

Texto escrito por Mariana Ferreira

Revisão médica:

Dr. Sérgio Rayol – CRM SP 165458

Diretor médico na CannaCare.

Médico pela Universidade Estadual de Pernambuco (UPE). Especialista em Clínica Médica pelo Hospital Santa Marcelina e em Hematologia e Hemoterapia pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP). Curso de Medicina Paliativa no Instituto Pallium (Buenos Aires). Curso de Medicina Cannabinoide pela WeCann Academy

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