O câncer de mama é uma das doenças que mais afetam mulheres em todo o mundo. Com o avanço da medicina e da pesquisa científica, cresce o interesse por terapias complementares que possam melhorar a qualidade de vida das pacientes, e entre essas abordagens, destaca-se o uso da cannabis medicinal.
Nos últimos anos, diversos estudos vêm investigando o papel dos canabinoides no tratamento do câncer de mama, não como substitutos da terapia convencional, mas como aliados no controle de sintomas físicos e emocionais, além de potenciais efeitos antitumorais.
Neste artigo, você vai entender como a cannabis pode contribuir no contexto do câncer de mama, quais são seus potenciais benefícios, limitações, formas de uso e o que dizem as pesquisas mais recentes.
Como a cannabis medicinal age no organismo?
A planta Cannabis sativa contém mais de 100 compostos ativos chamados canabinoides, entre eles o THC (tetrahidrocanabinol) e o CBD (canabidiol), os mais estudados até o momento.
Esses compostos interagem com o sistema endocanabinoide do nosso corpo, que regula funções como dor, humor, apetite, sono e resposta imunológica. Essa interação é a base do potencial terapêutico da cannabis, que pode ajudar a restaurar o equilíbrio do organismo em diferentes contextos de adoecimento — incluindo o câncer.
Potenciais benefícios da cannabis no câncer de mama
Embora a cannabis não cure o câncer de mama, ela pode ser uma ferramenta importante no suporte ao tratamento, especialmente no controle de sintomas relacionados tanto à doença quanto aos efeitos colaterais das terapias tradicionais (quimioterapia, radioterapia e hormonioterapia).
1. Alívio da dor
A dor é um sintoma comum em pacientes com câncer de mama, especialmente nos estágios avançados ou durante o tratamento. Os canabinoides, especialmente o THC, têm ação analgésica comprovada, podendo reduzir a necessidade de opioides, que possuem mais efeitos colaterais e risco de dependência.
2. Controle de náuseas e vômitos
A quimioterapia pode causar náuseas severas e vômitos frequentes. A cannabis, principalmente na forma de THC, tem sido amplamente usada com sucesso para minimizar esses sintomas, aumentando o conforto e a adesão ao tratamento oncológico.
3. Estímulo ao apetite
Muitas pacientes em tratamento enfrentam perda de apetite e emagrecimento. A cannabis pode ajudar a estimular a fome, contribuindo para uma melhor ingestão nutricional e suporte ao organismo durante a terapia.
4. Redução da ansiedade e depressão
O diagnóstico de câncer de mama costuma vir acompanhado de angústia, medo e alterações emocionais importantes. O CBD, com suas propriedades ansiolíticas e antidepressivas, pode ser um aliado no equilíbrio do estado mental, promovendo mais serenidade ao longo do processo.
5. Melhoria do sono
A insônia é comum em pacientes com câncer, seja pela dor, estresse ou efeitos dos medicamentos. O uso da cannabis pode ajudar a induzir e manter um sono mais profundo, essencial para a recuperação física e emocional.
Cannabis e possível ação antitumoral: o que dizem os estudos?
Além do uso para alívio de sintomas, pesquisas laboratoriais e pré-clínicas investigam o potencial dos canabinoides no combate direto às células cancerígenas.
Estudos in vitro e em modelos animais sugerem que o THC e o CBD podem:
- Induzir apoptose (morte programada de células tumorais)
- Inibir a angiogênese (formação de novos vasos que alimentam o tumor)
- Reduzir a proliferação de células malignas
Esses achados são promissores, mas ainda não há evidência clínica suficiente para afirmar que a cannabis, isoladamente, tenha efeito antitumoral em humanos. Os estudos em andamento são fundamentais para entender o real impacto da cannabis no câncer de mama.
Formas de uso da cannabis medicinal
Existem várias formas de administrar a cannabis medicinal, e a escolha depende da indicação médica, das preferências da paciente e do tipo de produto prescrito:
- Óleo sublingual: forma mais comum, com início de ação gradual e efeitos duradouros.
- Gummies: alternativa palatável, com dosagem controlada e efeito prolongado.
- Inalação (vaporização): início de ação rápido, útil para crises de dor ou náusea.
- Cápsulas ou formulações tópicas: opções para situações específicas.
A prescrição deve sempre ser feita por um médico experiente, considerando o perfil do paciente, a interação com outros medicamentos e os objetivos terapêuticos.
Considerações sobre segurança e efeitos colaterais
Apesar de ser considerada segura, a cannabis pode causar efeitos colaterais, especialmente quando usada sem acompanhamento adequado. Entre os efeitos mais comuns estão:
- Sonolência
- Tontura
- Boca seca
- Alterações no humor
- Em casos de doses elevadas de THC, pode haver ansiedade ou confusão mental
Por isso, é essencial que o uso seja individualizado e monitorado por profissionais especializados, garantindo eficácia e segurança.
Cannabis medicinal no Brasil: situação legal
No Brasil, o uso da cannabis medicinal é permitido mediante prescrição médica, com produtos regulamentados pela Anvisa. A importação é autorizada, e já existem produtos à base de CBD e THC disponíveis em farmácias.Pacientes com câncer de mama que desejam utilizar a cannabis como parte do tratamento devem buscar orientação profissional qualificada, garantindo acesso legal e seguro aos produtos.