A Organização Mundial da Saúde (OMS) define saúde como “um estado de completo bem-estar físico, mental e social” e não somente como a ausência de doenças. Mas, o que seriam bem-estar físico, mental e social?
Com a chegada da pandemia de COVID-19 e de todo o sofrimento psicológico trazido com ela o debate se intensificou, trazendo ainda mais visibilidade ao assunto já que, mais do que nunca, ficou clara a importância das diferentes esferas que compõem o bem-estar.
O que é bem-estar?
No século XVII, o conceito de bem-estar estava ligado somente à saúde física. No século XVIII, agregou questões materiais, porque se as pessoas não tivessem como suprir suas necessidades básicas, como moradia e alimentação, isso impactaria sua saúde.
Atualmente, depois de tudo o que a humanidade presenciou e viveu, o conceito se tornou mais amplo e está relacionado, sim, à percepção de saúde, mas agora também aos aspectos mental, emocional, social e físico.
Ou seja, bem-estar é um conjunto de práticas e de elementos que proporcionam conforto, segurança, tranquilidade e satisfação.
As 6 dimensões do bem-estar
Criado por Bill Hettler, em 1976, o modelo das 6 dimensões é um dos parâmetros mais famosos de estilo de vida. Todas elas se interseccionam, se complementam e contribuem para uma análise ampla permitindo, se assim quisermos, mudarmos. São elas: Profissional, Física, Social, Intelectual, Espiritual e Emocional.
Profissional: Inclui as atividades do nosso dia-a-dia, como o trabalho. Se relaciona com a nossa capacidade de obter satisfação e realização do uso que fazemos desse tempo.
Física: Explora e desenvolve o nosso potencial físico, principalmente, para manutenção da nossa saúde. Inclui cuidados médicos, boa alimentação e sono.
Social: Representa a qualidade e a frequência de nossas interações com os outros. Nossa habilidade de estabelecer e manter relacionamentos positivos com família, amigos, etc.
Intelectual: Diz respeito à nossa capacidade de manter a mente aberta a novas soluções, de aprender, de desenvolver o espírito crítico.
Espiritual: Representa a nossa habilidade de preservar a harmonia entre os nossos valores e ações cotidianas em nome de um propósito maior.
Emocional: Diz respeito às nossas habilidades de entender as nossas emoções e as dos outros, criando estratégias para lidar com os desafios que a vida nos propõe.
Os impactos da COVID-19
Mais cigarros e bebidas alcoólicas, mais fast food, mais tempo de TV e de internet. Menos horas de sono, menos alimentação saudável, menos exercício físico, menos contato com colegas, amigos e familiares. Este foi, em termos de comportamento, o saldo da pandemia para um número gigantesco de brasileiros e brasileiras.
A COVID impactou tanto a nossa saúde mental, que um estudo conduzido pelo Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas e da Faculdade de Medicina da USP mostrou sintomas de depressão, ansiedade e estresse em uma parcela bastante significativa dos mais de três mil voluntários entrevistados durante a pandemia.
Os principais gatilhos desses sintomas seriam o medo de se contaminar ou de perder alguém próximo, mas, segundo estudiosos, o isolamento social, a preocupação com a escassez de alimentos e as dificuldades financeiras também contribuíram com a piora da saúde mental dos brasileiros. (BROOKS et al., 2020, SHOJAEI e MASOUMI, 2020).
Bem-estar ao redor do mundo
Com um número cada vez maior de pessoas dispostas a priorizar a busca por uma vida mais equilibrada, o mercado de saúde e bem-estar vem crescendo a saltos gigantescos. Uma pesquisa conduzida pela consultoria MacKinsey, por exemplo, com cerca de 7,5 mil consumidores de seis países, revelou a importância do bem-estar para diferentes culturas.
Ao nos debruçarmos sobre os números, fica ainda mais clara a dimensão e o potencial desse mercado mundial, avaliado em cerca de U$1,5 trilhão e que cresce até 10% ao ano.
Para se ter uma ideia, 79% dos entrevistados disseram acreditar que o bem-estar é importante e 42% o consideram como uma das suas maiores prioridades. Tanto é, que em todos os mercados pesquisados os consumidores relataram aumento da prioridade dada ao bem-estar em suas rotinas nos últimos dois ou três anos.
O bem-estar veio para ficar
Em todas as categorias pesquisadas, o número de consumidores que passariam a gastar mais com bem-estar superou o daqueles que disseram que passariam a gastar menos. Ou seja, se a pandemia nos ensinou alguma coisa, é que a saúde e bem-estar continuarão sendo prioridade para milhões de pessoas de todo o mundo por um bom tempo.
Fontes:
https://jornal.usp.br/atualidades/conceito-de-bem-estar-mudou-ao-longo-dos-anos/